quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Birras infantis: um problema que tem solução!

Birras infantis: um problema que tem solução!
Maria Carolina G. S. Lolli, Psicopedagoga



Quem tem criança em casa, precisa concordar que não é fácil lidar com as birras, mas infelizmente é inevitável em inúmeras situações, já que faz parte do desenvolvimento infantil. Um exemplo bem clássico é a situação em que a criança recebe um sonoro NÃO de um adulto, e apresentam inúmeras reações para demonstrar seu descontentamento: choram, esperneiam, gritam, jogam objetos, se jogam no chão, batem, mordem, etc.
Entre os 2 e os 4 anos de idade, os pequenos tendem a testar os limites dos adultos e tudo piora quando são contrariados. Preciso dizer que a fase das birras depende muito do tipo de educação dada pela família e também da personalidade de cada criança. Por esta razão, não podemos generalizar: crianças são diferentes, mesmo dentro da própria família e podem ter reações variadas. Tudo isso acontece porque nesta fase dos 2 aos 4 anos, a criança ainda não consegue lidar com a sensação de ser contrariada. Em outras palavras, acontece porque ainda ela não desenvolveu maturidade suficiente para lidar com uma determinada frustração e acaba extravasando este sentimento de maneira descontrolada. Assim, a birra pode ser apenas um pedido de socorro inconsciente para aprender a lidar com um sentimento novo: a frustração. No entanto, em algumas situações, os pequenos querem mesmo é testar o limite dos pais para descobrir até onde podem chegar. Vale mencionar que as birras podem começar aos 6 meses de idade e evoluírem até a adolescência, se o indivíduo não aprendeu a lidar com frustações e se não for colocado um certo limite.
Uma boa notícia para as famílias que convivem as birras infantis é que isso pode ser evitado. O “ataque” começa bem antes do choro e de toda a cascata de reações que acontecem em conjunto. É preciso estar atendo, avaliar e entender as necessidades básicas da criança. Por exemplo, ela pode não estar familiarizada com o ambiente, estar em um lugar estranho, cheio de pessoas desconhecidas, pode estar com sono, cansada, com fome, pode ficar nervosa por não conseguir entender que seu pedido não convém ser realizado. É importante ressaltar que aos primeiros sinais de desconforto, é preciso saber negociar, ter paciência e persistência – levando em consideração a idade da criança. Desviar o foco também pode ser uma ótima alternativa. Em uma crise, como a criança está nervosa, evite conversar muito. É melhor falar menos e agir mais. Até os 5 anos, as crianças não conseguem manter a concentração nas palavras por mais de 30 segundos.
Costumo dizer que a criança necessita de uma rotina preestabelecida, precisa saber o que vai acontecer - por receio do que é novo e desconhecido, e ainda precisa estar ciente sobre o que pode e não pode fazer. Estes costumes que também valem para atividades corriqueiras como tomar banho, jantar, ir para a escola,  transmitem segurança e afeto. No entanto, para isso acontecer, todos os membros da família precisam de disciplina para se organizar. Além de organização, é necessário bom senso para facilitar o cumprimento das regras. Por exemplo, se você quer que seu filho sempre se comporte em um lugar público, não vai deixá-lo horas sentado em um restaurante cheio ou esperar que ele fique calminho em uma fila de banco, não é? Lembre-se que se você ceder, só ensinará que espernear é um jeito de conseguir tudo o que ele quer.
Então o que devemos fazer em situações de birra? Em primeiro lugar, o adulto deve dar o exemplo, mostrando que está controlado e tentar desvendar o que está acontecendo ou qual é o real motivo da insatisfação. É preciso também ter em mente que nem sempre será possível estabelecer uma conversa produtiva nessa hora de nervosismo da criança.  Por isso, deixe-a “fazer a birra”, não fale muito – mesmo porque ela não escutará nada mesmo - espere o nervoso passar, lembrando-se de protegê-la para que não se machuque e quando ela estiver mais calma, aí sim, converse sobre o que aconteceu. Diga que você entendeu a frustração, e ajude a colocar os sentimentos em palavras, dizendo algo como: "Você estava muito bravo porque sua comida não era como você queria". Deixe a criança perceber que, se ela usar palavras para se expressar, vai conseguir resultados melhores. Diga, por exemplo, com um sorriso: "Desculpe por não ter entendido. Agora que você não está mais gritando, consigo saber o que você quer". 

Como o grande objetivo da birra está relacionado ao fato de chamar atenção, quando a criança ficar birrenta evite que todo mundo fique em cima  (a atenção de pai e mãe vale ouro pra criança). Leve-a para um local reservado, monitorando-a sempre. É importante dar carinho e apoio para o entendimento do seu comportamento e acima de tudo, valorizar o bom comportamento da criança. 

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