A primeira infância e suas consequências
para o desenvolvimento das crianças
Maria Carolina Lolli, Psicopedagoga
A
médica italiana Maria Montessori, dedicou anos de trabalho para melhorar
desenvolvimento cognitivo de crianças com dificuldades. Ela foi a criadora do
Método Montessori que é aplicado em milhares de escolas do mundo todo, auxiliando
no desenvolvimento da autonomia e da concentração de crianças de todas as
idades. Ótimo, mas o que isto tem a ver com o desenvolvimento cognitivo?
O Método Montessoriano pondera que o movimento e a produção das crianças é fundamental para o desenvolvimento pleno e saudável, colocando em cheque o costume de algumas famílias deixarem os brinquedos guardados para apenas alguns momentos, ou melhor, fazendo prevalecer o ideal de que as crianças devam ficar quietinhas, limpas e sem fazer bagunça o tempo todo. Crianças precisam se sujar, precisam experimentar, devem criar, necessitam realizar tarefas!
O Método Montessoriano pondera que o movimento e a produção das crianças é fundamental para o desenvolvimento pleno e saudável, colocando em cheque o costume de algumas famílias deixarem os brinquedos guardados para apenas alguns momentos, ou melhor, fazendo prevalecer o ideal de que as crianças devam ficar quietinhas, limpas e sem fazer bagunça o tempo todo. Crianças precisam se sujar, precisam experimentar, devem criar, necessitam realizar tarefas!
Escolhi
a primeira infância, que vai até os 6 anos de idade, para ilustrar alguns
pontos do método montessoriano, que de acordo com a minha prática, são
fundamentais para o desenvolvimento cognitivo pleno de crianças.
Inicio
afirmando que os três primeiros anos de vida são determinantes para o
desenvolvimento físico e psicológico de toda criança. No entanto, é durante toda
a primeira infância, que os pequenos estarão muito receptivos para aprender
novas habilidades, e dependendo do quanto foram estimulados, melhores serão os
resultados no futuro. Assim, toda aprendizagem, seja ela tida na infância, ou
não, só será possível por meio da exploração, da observação, da imaginação, da
concentração e da repetição. Vou explicar melhor...
A
exploração, que pode ser definida como a vontade de investigar o que existe e o
que acontece com o uso dos sentidos e do movimento, se manifesta desde muito
cedo na vida da criança, e pode ilustrar a necessidade dos pequenos de levar
tudo que existe por perto à boca e de pegar em tudo que está em seu entorno. Nós,
humanos temos necessidade de tocar e manipular nosso ambiente para conseguirmos
entende-lo melhor, não é verdade? Por meio da exploração e da manipulação,
conseguimos entender e aprender muita coisa nova. Por isto, de nada adianta ter
um lindo brinquedo colorido, que faz barulho, etc, e não poder brincar com ele
para que não estrague!
A
observação é uma ferramenta necessária para tomarmos decisões coerentes. As
crianças são extremamente observadoras desde o seu nascimento, focando todos os
detalhes. É por esta razão que devemos respeitar os olhares demorados e o tempo
das crianças para coisas que não nos chamam mais tanta atenção, ou vai dizer
que você nunca parou alguns minutos para olhar uma formiga carregando algo
maior que ela? E ao observar garanto que fez inúmeras perguntas para si mesmo e
até imaginou situações com a formiga e a folha, não é? Lembre-se que uma criança
tem muito menos experiência que você, portanto, ela precisa de oportunidades
para presenciar, observar, desconfiar, imaginar, concluir, experimentar tudo
que é novo para ela.
A
concentração é a ferramenta que nos impulsiona a aprender algo. Você já deve
ter convivido com pessoas que não conseguem se concentrar, não é mesmo? Para
evitar que isto aconteça, é importante estimular as crianças desde muito cedo com atividades
envolventes, do começo ao fim da realização do trabalho. Infelizmente, temos
uma máxima em nossa cultura sempre de que se a “criança está quieta, é porque está
aprontando alguma coisa errada”, e assim, sempre as interrompemos quando estão
concentradas. Ao interromper a
concentração constantemente, estaremos prejudicando o desenvolvimento cognitivo
dos pequenos. Inclusive até um elogio pode ser uma interrupção, já que pode ser
motivo para desviar o foco para coisa. Desta forma, antes de falar, perguntar,
elogiar ou pedir para fazer outra coisa, observe o que a criança está fazendo
antes.
Depois
de ler este texto, você percebeu que é interessante incentivar que os pequenos
tenham autonomia para comer, para tomar banho, escovar os dentes, vestir-se,
guardar os brinquedos, etc. Para isso ser possível é necessário esperar o tempo
da criança, que com certeza será bem maior que o tempo do adulto e também
respeitar resultados diferentes do que os resultados produzidos pelos maiores. Vou contar um segredo: quando interrompemos o
trabalho de uma criança estamos transmitindo a mensagem de que isto que ela
está fazendo não é tão importante assim, ou pior ainda, podemos estar dizendo
involuntariamente que ela não é capaz.
É
necessário ainda considerarmos a satisfação e a alegria dos pequenos ao
realizar algo sozinhos. Por esta razão, qualquer que seja o avanço conseguido,
deve ser incentivado. Como? Mostrando interesse pelo que a criança produziu;
perguntando se a própria criança está orgulhosa com o seu feito; reafirmando a
conquista; agradecendo; valorizando a aprendizagem, perguntado como foi feito
ou pedindo para que a criança o ensine a fazer igual a ela.
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